segunda-feira, 30 de abril de 2012
Jayne Bibby no Minas Trend
Se você pudesse abrir uma janela e dar uma olhadela no futuro qual seriam as sensações que sentiria? Eu sentiria a mesma coisa que senti no Minas trend Preview, na tarde da última quinta-feira (26), durante a palestra da Jayne Bibby, jornalista de moda e editora associada WGSN de Londres: um misto de entusiasmo, admiração e perplexidade.
Jovem, bonita e expert em tendências por viajar meio mundo, Jayne começou sua palestra falando dos “10+” itens pra primavera-verão que vem por aí: a parca, um casaco maior, mais esportivo, suscitado pelos jogos olímpicos desse ano; a jaqueta soft, mais feminina, fluída e que vai bem com vestidos e saias; a chemise da década de 50, estampada ou não; os vestidos da década de 60 com corte reto para serem usados só ou sobre calças; o Peplum Dress; a saia Dirndl, franzida na cintura e com comprimento até os joelhos; calças estampadas sequinhas até o tornozelo; saia lápis com a cintura mais alta e o comprimento abaixo dos joelhos; o colete cavado; e o top tribal, despojado que deixa a barriga à mostra.
Se a palestra acabasse aí e ficássemos discutindo em cima desses 10 itens já seria maravilhoso, mas o melhor ainda estava por vir. As quatro macro tendências apresentadas foram: Idiomatic, Wonderlab, Story of Now e Sustainability. Cada uma revela muito além do que vamos usar, cores e tipos de tecidos. É tendência no sentido do rumo que nosso comportamento também está caminhando.
- Idiomatic
Idiomatic é a tendência que diz que cada vez mais valorizaremos as singularidades de cada comunidade. O global celebrará as culturas locais e se inspirará nas comunidades, em seus símbolos, costumes e hábitos. É como se estivéssemos prestes a viver uma nova onda culturalista exatamente pela possibilidade de exploração das idiossincrasias e excentricidades. O local será trazido para o global.
Os costumes das tribos afro-americanas e os ucranianos renderam muitas pesquisas de cores brilhantes, estampas coloridas, em escalas diferenciadas e em formato A. Os acessórios terão inspiração nos países bálticos. As crianças vestirão a simplicidade da China rural com seu algodão lavado, dando a noção de atemporalidade. A roupa íntima, por sua vez, é detalhista, colorida e decorada como o México, com muito azul, vermelho e amarelo realçados pelo branco.
- Wonderlab
Ao contrário do desencanto da ciência que vivemos no pós-guerra, Wonderlab é a tendência que nos dirá “a ciência agora é cool”. O avanço da ciência nos permite ver beleza onde menos esperamos, e essa visualidade é apontada como a próxima fronteira do luxo. Os tecidos serão mais tecnológicos, até mesmo metálicos, as estamparias serão microbióticas e a beleza estará onde menos se espera. O contraste dos tecidos brilhantes com os opacos será ideal na roupa casual, enquanto que os acessórios parece que acabaram de sair de um laboratório, com elásticos, velcro e acabamentos furta-cor.
- Story of Now
De longe essa é uma tendência das mais interessantes porque não fala só de moda, mas da forma como pensamos o mundo a nossa volta. Sai ano e entra ano e sempre estamos procurando nos referenciar num item de uma década fantástica, mas que já passou, ou naquela ficção científica que não sabemos se chegaremos até lá. A proposição então é mergulhar no agora, no tempo em que vivemos, na realidade com suas dores e belezas.
O que é contemporâneo vai ser a tônica para os “adoradores da realidade” que buscam estar atualizados com a internet e em campanha constante contra os preconceitos. A beleza cotidiana estará nas roupas do cotidiano: silhueta mais baixa, estampas com mensagens, cortes com inspiração no concretismo, com uma leve tensão entre o tradicional e o tecnológico. O pós-modernismo e sua saturação de imagens em peças despojadas serão ideal para o homem que terá todo o conforto do jérsei, popeline, jeans lavado.
- Sustainability
Para ser clichê, mas justa, por último e não menos importante, Sustainability é uma tendência de atitude e comportamento. Nunca os três R foram levados tão a sério como agora: reduzir, reciclar e reutilizar deixaram de ser um chavão pra ser uma prática que, se antes não era levada à sério, depois que começou a impactar o bolso das empresas e dos consumidores, se tornou ponto de observação obrigatório.
Os consumidores estão mais conscientes e para eles já não basta mais falar que é o tecido é natural. Agora se quer saber como ele chegou nesse ponto, se a cadeia de trabalho envolvida paga as pessoas de forma justa e se uma peça não faz um verdadeiro estrago no meio ambiente. A moda rápida tem sido olhada atentamente, já que se tem criado formas de reciclar muita coisa, mas as roupas ainda são um ponto mal resolvido.
Enquanto isso, são criadas alternativas como a loja da Puma em Nova York, que dá 30% de desconto no modelo novo que você for comprar, se você levar um calçado já usado. Algumas marcas têm garantido no momento da compra os reparos e adequações futuras, tudo para que a peça tenha sua longevidade aumentada, afinal, o produto mais verde é o que já existe, filosofia adotada pela marca Patagonia. A Levi’s reduziu em 20% o consumo de água em sua produção, e colocou isso na estampa de suas calças, bem como outras tantas marcas que dizem na etiqueta da roupa a quantidade de litros de água foi usado nela.
Em síntese, a tática é educar os clientes. A informação se tornou uma arma poderosa, desde que seja direta, que fale de aplicações práticas e não inúteis. Ser sucinto e direto é primordial para não se tornar um eco-descartável.
TEXTO Killzy Lucena, originalmente publicado em Supremas.com.br
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